Saturday, June 17, 2006

Signos, cartas e patas de coelho…

O Homem sempre recorreu ao misticismo, à religião e às crenças na tentativa de explicar questões relacionadas com a sua própria existência. Na Pré-História, os deuses exprimiam a sua fúria através de sismos, vulcões ou tempestades avassaladoras… Na Idade Média, as vítimas de epilepsia eram confundidas com almas atormentadas por demónios… As pessoas deformadas eram consideradas como agentes do Mal… Como estes, muitos seriam os casos que poderiam ser citados.
Ainda hoje, muitas pessoas se regem por este tipo de princípios: há sempre quem busque numa entidade divina a cura para os seus males, ou a orientação para a sua vida. Muitos confiam em “artes” como o Tarot, as Runas ou os Búzios para lhes indicar a rota mais vantajosa a seguir na “viagem” que é a sua vida. Muitos ainda consultam diariamente o horóscopo, como se de uma agenda se tratasse (como se fosse possível que as mesmas coisas tivessem probabilidades de acontecer a milhões de pessoas que partilham do mesmo signo). Todos os dias surgem crenças novas e velhas teorias místicas renascem como a Fénix das próprias cinzas.
Engana-se quem pensar que o avanço da tecnologia e o nosso ritmo de vida, cada vez mais alucinante, “matou” o homem das cavernas que, neste sentido, ainda existe em nós. Engana-se quem pensa que a vida moderna, com todas as suas comodidades, deu ao Homem a auto-confiança suficiente para encarar as adversidades de peito aberto. Não, não deixámos de ser as criaturas que buscam refúgio no plano astral, de modo a esquecer a sua fragilidade, face ao “grande mistério da vida”.
Por muito cépticos que nos consideremos, a verdade é que, em momentos de aflição, damos por nós a usar expressões como “Deus queira…”, “Se Deus quiser…”, ou “Foi o destino.” Não há nada a fazer: está indelevelmente gravada no nosso inconsciente a necessidade de recorrer a algo superior a nós que nos ajude a resolver situações que consideramos não estar ao nosso alcance.
Atenção que, com estas afirmações, não pretendo julgar ou criticar quem quer que seja. Quem sou eu para o fazer? Estou, apenas e só, a “despejar” os meus raciocínios para as teclas do computador. Aliás, eu próprio, do alto das minhas convicções ateias, recorro a expressões como as acima referidas, ainda que não esteja propriamente à espera que nenhum ser divino me venha ajudar.
Apesar de ter tido uma educação que me transmitiu a noção de que adivinhações, cartas, espíritos, horóscopos e coisas que tais eram “coisas do Dêmo” que deviam ser evitadas, todo este universo sempre me intrigou. Não, não tenho um templo secreto escondido na cave, nem uma bola de cristal escondida debaixo da cama. Não deito cartas, nem uso uma pata de coelho como amuleto. (“Quem acha que a pata de coelho dá sorte, nunca se lembrou que ela não deu sorte nenhuma ao coelho.”) Não, sou apenas um espectador curioso que se fascina com certos aspectos fantásticos que circundam todo este mundo. Tudo o que nos intriga, desperta a nossa curiosidade. Esta, por sua vez traz-nos a necessidade de saber mais (pelo menos a quem acha que o saber não ocupa lugar).
Por muito que falemos de evolução, será que já chegámos ao nosso "ponto mais alto"? Será que não seria altura de começarmos a andar pelos próprios pés? Não serão os avanços levados a cabo pela raça humana prova suficiente de que somos capazes?`É certo que esses avanços trouxeram também danos que põem em risco os recursos naturais que nos garantem a sobrevivência... Mas, será que se nos capacitarmos de uma vez por todas que estamos "sozinhos", não passamos a cuidar melhor do que é nosso?

1 Comments:

Blogger Sérginho said...

Tou a ver que nunca mais vais comigo À mulher do livro do Santo Cristo!! ehehe

8:12 AM  

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